El rol de las organizaciones sociocomunitarias en el acceso a la justicia

Abstract

Este artículo explora el papel que juegan las organizaciones sociocomunitarias en el acceso a la justicia, según la perspectiva de una mujer que sufrió violencia por razones de género. Aunque se relaciona con un proyecto más amplio que indaga los obstáculos y condicionantes en el acceso a la justicia a partir de testimonios de una diversidad de agentes, optamos por presentar este caso biográfico por su relevancia. En efecto, el análisis en extenso del relato de la denunciante, obtenido en el contexto de una entrevista y de un grupo focal, permite concluir que el acercamiento a la organización operó como parteaguas en su trayectoria personal y en su recorrido por el sistema de administración de justicia. Parafraseando a la entrevistada, podemos afirmar que, al posibilitarle el reconocimiento que la violencia sufrida es un problema social, político y jurídico, la organiza-ción le abrió una “puerta gigante”. Paralelamente, amplió la eficacia de sus acciones judiciales al promover un saber-hacer jurídico e inscribir el pedi-do de justicia y reparación de los derechos vulnerados en la esfera pública

This article explores the role of socio-community organizations in access to justice, according to the perspective of a woman who suffered gender-based violence. Although it is related to a broader project that in-vestigates the obstacles and determinants in access to justice based on the testimony of a variety of agents, we chose to present this biographical case because of its relevance. Indeed, the extensive analysis of the complain-ant’s account, obtained in the context of an interview and a focus group, allows us to conclude that the rapprochement with the organization oper-ated as a turning point in his personal trajectory and in his journey through the Justice delivery system. We argue that the organization opened for her, paraphrasing the interviewee, a “giant door” by allowing her to recognize the violence suffered as a social, political and legal problem. At the same time, it increased the effectiveness of its judicial proceedings by promoting legal know-how and registering the request for justice and reparation for the rights infringed in the public sphere

Este artigo explora o papel desempenhado pelas organizações sociocomunitárias no acesso à justiça, segundo a perspetiva de uma mul-her que sofreu violência de género. Embora esteja relacionado com um projecto mais vasto que investiga os obstáculos e condicionantes no acesso à justiça a partir do testemunho de uma diversidade de actores, optámos por apresentar este caso biográfico pela sua relevância. Com efeito, a aná-lise exaustiva do relato da queixosa, obtida em contexto de entrevista e de focus group, permite-nos concluir que a sua aproximação à organização funcionou como um divisor de águas na sua trajectória pessoal e no seu percurso no sistema de administração da justiça. Defendemos que a orga-nização, parafraseando a entrevistada, lhe abriu uma «porta gigante» ao permitir-lhe reconhecer a violência de que era vítima como um problema social, político e jurídico. Ao mesmo tempo, aumentou a eficácia das suas acções jurídicas, promovendo o saber jurídico e inscrevendo na esfera pú-blica a exigência de justiça e de reparação dos direitos violados